Festival de Verão Salvador e a política baiana.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 |

Ano passado fiz uma análise sobre o Festival de Verão Salvador, especificamente em relação a suas atrações e estrutura. Dessa vez gostaria de me eximir de tal função. Acontece que estive lá no primeiro dia do evento e algumas coisas me chamaram a atenção.
Aqueles que freqüentam o evento sabem muito bem que devido à proporção que alcançou criou-se uma segregação, antes inexistente. As pessoas que prezam por maior conforto podem optar pelo camarote que dar acesso ao backstage, à frente do palco e tem visão privilegiada de todo ambiente, além de boate, área de alimentação e bares, exclusivos. Dentro deles existem mais duas ou três áreas privadas, com mais regalias ainda, a exemplo do sistema all inclusive, termo em inglês utilizado para designar que tanto comida quanto bebida serão servidos “sem custos adicionais”, ou seja, tudo incluso.
O evento é produzido pela produtora icontent, que é afiliado do grupo Rede Bahia, o mesmo da TV Bahia e que pertence a família do falecido senador Antônio Carlos Magalhães, mais conhecido como ACM. Um grupo muito forte aqui no estado, quiça no Brasil e que teve o crescimento de sua base política paralelo a muitos parceiros conquistados politicamente. E quanto mais eles cresciam, mas agregavam pessoas ao seu redor.
Um dos camarotes privados, dentro do camarote principal, que citei no segundo parágrafo do texto, é produzido pela própria TV Bahia e só é permitida a entrada de convidados. Um espaço famoso pelo serviço all inclusive de primeira qualidade (foi o que eu ouvir falar, pois ainda não conferir). É lá que figuras do meio da comunicação de Salvador, tanto jornalística quanto publicitária, que fazem parceria com a TV em questão, transitam. Sempre a convite do grupo liderado pela família Magalhães.
O convidado deve retirar o ingresso com o pagamento de “irrisórios” R$ 30,00 em um ponto específico, indicado por eles. Como é um camarote coorporativo é lá que se faz o “lobby” (no sentido empresarial da palavra) entre a empresa e seus parceiros, conquistados ao longo de anos e que devem ser mantidos, pois ainda existem interesses empresariais e políticos por trás.
Há alguns anos esse convite é feito. Eu por exemplo, conheço profissionais e empresários da área que já participam desde o início e o procedimento de entrada sempre foi o mesmo. De uma hora para outra eles mudaram a sistemática, sem dar informações, coisa que deveriam fazer melhor, por se tratar de uma empresa de comunicação, e de forma grosseira e áspera deixam seus clientes, do lado de fora. Afirmo isso, pois pude presenciar cenas de pessoas cadastradas em nome da empresa e de seus proprietários, que realmente foram convidados e há muitos anos procedem da mesma forma no que diz respeito ao procedimento de identificação, serem esculachadas e tratadas como alguém que estivesse ali pedindo favor, ou até mesmo esmola.
Fiquei pensando muito sobre o assunto e cheguei a duas conclusões, que podem ser equivocadas, mas irei expor nas linhas que se seguem.
ACM Júnior largou a presidência da Rede Bahia e o novo gestor tem diretrizes diferenciadas da dele mudando o foco da empresa e desvalorizando clientes em prol de outros objetivos. Essa é a primeira suposição.
A segunda é que aquilo que os blogueiros da cidade e os anti-carlistas divulgam pelas “ruas” é verdade: Com a queda do carlismo sua família perdeu a direção e está em decadência política, o que leva a cortar custos, pois não tem mais o espaço que tinha perante a sociedade baiana. Dando azo a uma maior rigidez no tratamento com seus parceiros devido à desconfiança, conseqüência do momentâneo descrédito político atual da família.
Acho que a melhor conclusão é fazer uma sistemática entre as duas suposições, mas para que fique bem claro; essa é apenas uma observação, não existe intenção nenhuma da minha parte de intrometer-me nessa briga de gigantes, até porque não tenho conhecimento sobre política e poder suficiente para isso.
Mas uma coisa a vida me ensinou. Se não quer que a pessoa vá, não convide, agora convida e coloca profissionais despreparados na porta, destratando seus clientes e parceiros. Tal situação só prejudica a imagem da empresa que já não estar lá essas coisas.

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